Tudo começa com o primeiro contacto com a dança e a excitação em aprendê-la. Nesse instante cria-se uma sede de aprendizado, acreditando que ao fim de um mês estará apta para actuar para quem mais gosta.
2- Desânimo dos primeiros 6 meses
Aparece nas primeiras dificuldades com movimentos mais elaborados.
Passado o desânimo, com a continuação dos estudos da dança, percebe que com treino já consegue fazer alguns movimentos suficientes para alcançar o objectivo para os quais se determinou.
3- A Primeira Dança para o público
Torna-se o momento mais importante. Se os elogios e as palmas acontecem, provavelmente inicia-se um processo de euforia e crença de que poderá ir mais além.
4- Dança para o público com mais frequência ( 2 anos )
Uma fase difícil de lidar com algumas. A bailarina acredita que já "sabe tudo" e que pode "ensinar muito", ouve pouco... fala demais... Desequilíbrio com o ego e dificuldades em lidar com a humildade. Nesse momento geralmente começa a dar aulas, despreparada não oferece a suas alunas o que de facto deveria.
5- Estrelismo ( 2\3 anos )
A pior de todas as fases.
Acreditam que todas precisam de aprender e que ninguém sabe mais que ela. Modéstia passa a ser uma palavra desconhecida. Por vezes, ao ser questionada sobre seu tempo de estudos em dança do ventre adiciona todos os cursos de ballet que já fez na vida e algumas até dizem que estão nessa área a dez anos, quando na verdade só começou a estudar a dança oriental a dois.
6- Desânimo com o que já sabe
Acontece ao perceber que faz sempre as mesmas coisas, os mesmos movimentos e sempre com as mesmas músicas.
Surge a sensação que parou no tempo, entra então em depressão com a dança. Uma fase perigosa.
Em muitos casos, acabam realizando apresentações meramente para angariar recursos financeiros. Um verdadeiro desrespeito à cultura e à arte.
7- Estacionar com o Aprendizado ( 4\5 anos )
Além do tédio de ter que se apresentar com as mesmas músicas, as mesmas roupas, pois o ânimo e a criatividade parecem ter ido embora. Utilizam a dança apenas como fonte de renda financeira e com a única preocupação... " aumentar o cachê", por achar que já trabalha a 4 ou 5 anos como profissional.
Tem extrema necessidade de reconhecimento. Surgem as indecisões sobre a dança e seus propósitos pessoais. A dúvida começa a pairar...
O questionamento entre ser "uma estrela" ou uma farsa", passa a ter um grande impacto emocional.
8- Decisão de procurar novas fontes ( 5 anos )
Se conseguir superar a fase anterior, inicia-se um novo horizonte, com idéias, fluxos de criatividade e vibrações de possibilidades que antes pareciam obscuras.
A Profissional
1- Amadurecimento e respeito pela arte ( 10 anos )
É o momento em que se atinge o primeiro platô de sabedoria. Percebe que ainda não aprendeu absolutamente nada do que existe neste manancial de cultura e começa a respeitar mais seu corpo e seu aprendizado. Percebe que a estrada é mais longa do que imaginava e agora a incorpora para sempre. Já faz parte do seu sangue conviver com o aprendizado da dança. A humildade começa a aparecer e fica difícil a convivência com iniciantes ue se encontram na fase do desequilíbrio com o ego.
Procura interessantes e novas maneiras de dançar. O prazer agora, mais do que nunca, está na descoberta do que durante anos esteve oculto: o conhecimento.
Encontra as respostas para muitas atitudes de antes e com tudo que toma contacto percebe um sentido melhor, pois já teve oportunidade de sentir e compartilhar pessoalmente no passado.
Equilíbrio Artístico e definição de métodos de ensino. Desenvolve seu trabalho procurando sempre ferramentas para aprimorar seus métodos de ensino e passar a frente tudo que aprendeu. O aprendizado e o aperfeiçoamente agora importam demais pra si.
2- Especialização em Danças e o investimento na imagem ( 15 anos )
Começam a fazer parte do currículo danças folclóricas dos países árabes, mediterrâneo.
Seu nome começa a ganhar destaque no mercado da dança. Cresce a credibilidade e desenvolve-se um trabalho sério. Surgem os workshops.
Utiliza todo conhecimento para o aperfeiçoamento do ensino.
3- Plenitude na Dança e fontes de pesquisas (20 anos)
O prazer artístico está alicerçado em conhecimento e saber; realiza com o corpo o que desejar e, graças aos anos de pesquisas empreendidas durante a existência, tudo tem coerência e os pontos de estudos parecem alinhavados.
Surgem as dúvidas sobre quando parar de dançar, é um momento delicado na carreira de toda bailarina e qualquer artista. Relutância em acreditar que suas apresentações iniciam uma fase descendente, se tratando de tempo; supervalorização do momento presente, pois o tempo passa pra todos.
4- Nostalgia e Respeito público ( Mais de 25 anos )
Seu nome acaba sendo respeitado e admirado por todas aquelas que fazem parte do meio. As lembranças pessoais parecem recentes... Se conseguiu construir uma carreira íntegra, acaba tornando-se uma "lenda viva" na arte. Torna-se fonte de consultas permanentes e admira-se com os novos talentos que despontam. No fundo, lamenta que todas tenham que passar por cada uma dessas fases, se quiserem chegar onde chegou. Umas se perderão no caminho e outras florescerão. Afinal, a vida sempre foi um turbilhão de desafios.
Evidentemente, o tempo da dança varia de mulher pra mulher e da mesma forma as fases podem ter períodos de continuidades diferentes. Um factor interessante e também muito importante, é que tendo conhecimento de que essas fases existem pode-se diminuir sua longvidade e atenuar muitos aspectos negativos, principalmente das fases iniciais.
Faz parte da carreira de uma bailarina conviver com essas fases: elas determinam seu desenvolvimento e crescimento.
Essas são as fases na perspectiva de " Jorge Sabongi" , que conviveu e convive com bailarinas desde 1983", adaptadas por "Sueli Shamsa ".
Acredito que isso ajudará muitas bailarinas a se encontrarem em suas respectivas fases e a compreenderem melhor como lidar com elas.
O estrelato, a fama, o glamour... Passam com uma velocidade voraz, assim como o tempo.
Vamos nos focar na aprendizagem e no aperfeiçoamento, lembrando sempre que há espaço para todas. Com seus estilos, jeitos e corpos diferentes.
Respeitar acima de tudo a professora que vos iniciou e dedicou o tempo à sua aprendizagem , pois sem ela nunca teria a possibilidade de mergulhar profundamente neste mundo maravilhoso que é a Dança do Ventre.
Sucesso e Perseverança é tudo que desejo e aconselho a todas.